segunda-feira, 14 de julho de 2014

No quintal do mundo

Já cantava Jorge Bem Jor “... domingo eu vou ao maracanã, ver o time que sou fã...” deu Alemanha, a sobriedade, o planejamento e a organização do pais mais gélido da Europa levou a taça, num jogo duro, difícil que exigiu mais que futebol, exigiu equilíbrio e sangue frio. 

A argentina foi bem, mas quero crer que eles queriam tanto ganhar no Maracanã pra sacanear com a gente, que acabaram tropeçando na famosa rivalidade que nos une.

Com licença poética: E agora José? A copa acabou. O Brasil não ganhou. Em compensação, contrariando Blackblocs e oposição, como o governo disse: aeroportos, estádios, rede hoteleira e serviços de modo geral funcionaram muito bem.

E o tal do futebol? Não veio ou esqueceu ir jogar ou ficou desgostoso em se ver misturado ao cimento dos estádios, no querosene dos protestos ou em cada criança não atendida pelo SUS, discussões que nada tinham a ver com a bola, com o clima de “Vamos juntos, pra frente Brasil, salve a seleção...”. Ele ficou lá sozinho, sonhando com a glória de 70, com a sorte de 92, ficou sentado à beira do caminho...

O fato é tivemos jogadores bons pra caralho, mas que não tinham liga, não conseguiram manter o toque de bola e o entrosamento dentro de campo. Que com toda experiência do Felipão e da comissão técnica, não conseguiram construir um time. Longe de termos um elenco ruim, mas por não termos entendido que só talento não basta, é preciso muito mais do que isso, é preciso uma mudança radical de conceito juntamente a uma nova percepção do futebol.

Na perspectiva do esporte, o futebol se mostrou mais profissional do que nunca, com uma característica marcante, foi uma copa que evidenciou talentos individuais, uma competição de indivíduos que representaram seus países e não o contrário, a exceção de países como Gana, Costa Rica, Chile, e Camarões. A atuação de jogadores como Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo, Ramis Rodrigues, Gerard Piqué, Schweinsteiger eram tidas como responsáveis por vitorias ou derrotas, um show de talentos em detrimento ao esforço da construção coletiva que deveria representar um esporte que se faz com vinte e dois jogadores.

Economicamente a grana rolou em larga escala, em centavos ou em milhões lucraram de ambulantes a mega corporações. A rede hoteleira, gastronômica, de serviços e entreterimentos fez girar a favor de si a roda do capital. O país foi mobilizado de forma impar para receber não só as seleções, mais principalmente os turistas que aqui aportaram.

A circunferência do mundo se encontrou por aqui. Acarajé para holandeses, puchero para chilenos e australianos, paçoca (farofa de carne de sol desfiada e farinha de mandioca) para gregos e japoneses, bom bocado de pinhão para argelinos e russos, deliciosos pães de queijo para ingleses e colombianos, tacacá, pato no tucupi e jambu para enlouquecer croatas e americanos, muita rapadura e tapioca para mexicanos e costa riquenhos. Como dizem por aqui foram tantas opções que quase “não deu pra quem quis.”.

Efetivamente o contra ataque do povo brasileiro se sobrepôs as vaias da classe média e a própria participação da seleção, nos comportamos como um time marcando um gol de placa. Fizemos bonito e sem falsa modéstia fomos um exemplo de hospitalidade e organização, pra finalizar contemos Mariana: “Você me abre seus braços e a gente faz um país.”.

T.