segunda-feira, 30 de abril de 2012

Findou-se Pandora


Os dias têm sido temperados de lembranças. Uma pitada de bucólica melancolia. Bebo de um gole todas as variações de saudade. Uma invasão não permitida de horas mais previsíveis. Tenho ficado entre os sons da madrugada e os ecos de mim mesma. Não sei onde acaba ou termina minha necessidade de viver o novo e minha dificuldade de deixar que tudo que já foi, vá.
O café que me leva à Graça... O sanduiche ao uniforme da PM... Poucas piadas, mas muitas risadas, nicotina e toda proibição dos romances que já deixaram de ser da adolescência... As taças de vinho ou suas manchas depois de quebradas... O romântico pedido de casamento... As contrações... Meus desastres... Alguns atalhos... Retalhos... Coloridos ou em preto em branco... Antes tudo muito meu... hoje: vãoooooooooooooo... Libertem-me... Abram espaço... Corra outro mundo... Pulem numa caixa e levem a chave para dentro... Pandora nunca mais.
Aconteceu passado e presente “tudo ao mesmo tempo agora”... característica sui generis em minha vida... não tenho vírgulas, sou um processo absolutamente continuo e urgente... Raro são o tempo das pausas ou intervalos, nesse quesito contrações são mais brandas...
As escolhas equivocadas deixaram traições... Pessoas... Entrelinhas... Duvidas... Alguma desconfiança... Ainda que para alguns tudo esteja no passado, quando os olhos se encontram ou o rádio toca, uma sombra vaga e leve, como tudo que se constrói em terreno movediço, se agita naquilo que ainda há. Haverá?
Uma descarga de adrenalina se despejou no universo numa dessas manhãs... Muita água lavou meus olhos e desmanchou minhas amarras, abriu meus cadeados, libertou asas um dia presas a circunstância e a tal necessidade de amar e ser amável e ao sentimento de pertencimento ou reconhecimento ou afastamento ou culpa mesmo... Alimentei a essa ave, de rapina diga-se, com dedicação, preocupação e orações... Essas serão eternas... “migalhas dormidas do teu pão, pequenas porções de ilusão...” a quem se dispõe desejo sorte.
A mim desejo ar, muito mar e o mais importante AMOR raro, verdadeiro, companheiro, leal e não fiel, já tive cães, pra sempre mesmo que acabe ou demore ou dure só agora.
A mim desejo tempo,crescimento, esclarecimento, amadurecimento pra desfilar minha leveza, essa, amém, deixou de me desequilibrar, isso sim é uma grande vitória.
Pra mim desejo toda a vastidão desse mundo de meu Deus, de mãos dadas a quem quiser vir comigo ou sozinha mesmo, aprendi que na ausência de todos eu tenho que ser ainda melhor pra caminhar comigo e as gaivotas.
T.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Domingo

O silêncio invade minha casa, só o sons dos passarinhos do vizinho adentram o ambiente... lá dentro ele dorme o sono dos anjos, calmo e cada dia maior, observo daqui... tempo, ele passa, cura e renova... passada uma semana intensa e interessante... uma nova perspectiva exige um novo olhar e isso significa abandonar gentes e outras perspectivas... dói um pouco, mais é isso, abrir espaço é desocupar, jogar fora... ficar espremendo as coisas, dilata o coração.... ele acordou: Oh mãe vem cá...
T.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Intervalos e brechas.




Há tempo para todas as coisas, mesmo que ele não nos de tempo para algumas pessoas,  para outras ele é vivido com tamanha paixão e intensidade que mesmo findo não se acabam... pois como o tempo são tão maiores que nós que se eternizam...
Outras tantas, passam corpo, alma e pensamento e se fazem a tempo e a hora imperceptíveis, ainda que o tempo ao nosso lado seja longo...
Hoje entre os prédios e o trânsito, num caminho conhecido pelos anos da rotina, achei uma brecha e nela o mar...  azul, lindo e imenso... numa fenda dentro da brecha do tempo... um laivo de segundos pra me sentir renovada e agradecida.
As brechas e o intervalo das contrações, como contaria *Carol, é o quando a vida aliada ao tempo nos permite o “para pra acertar”... sei lá há quanto tempo impedi as dores e as lágrimas que o tempo me permitiu esvaziar.
Foi numa brecha de tempo... numa conversa de café... que todo um mundo descortinou, a perda de um tempo precioso, transbordou em culpas e decepções, dum tempo que já se foi e na expectativa de outro tempo, que no mais profundo de mim deseja a repetição do antigamente...
As últimas semanas foram inexplicáveis, as perdas irreparáveis e as lições há que serem aprendidas por toda vida.
A intensidade dos dias se diluíram nos entraves da renovação das horas, mesmo assim, a sensação de que algo late bem ao fundo das minhas paisagens me alerta de que é necessário aprender a viver, conviver e amar sem reservas ou regras, sem medos ou receios, sem vacilo e jamais entre as brechas.
Perdão. Amor. Reconciliação. Renascimento, afinal é Páscoa.
T.