quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O Perigo do Silêncio.



O que é mesmo que norteia nosso senso moral e nossos valores?
Será que violência contra mulher, só é considerada violência de fato, quando chega o camburão ou a subjetividade dos pequenos atos e gestos do cotidiano também o são?
Do que tenho visto e aprendido, toda forma de opressão é uma violência e PRECISA SER COMBATIDA.
Raul Seixas já dizia: “Quando acabar o maluco sou eu.”
Eu pergunto: Se falar  a vadia sou eu?
Tenho uma amiga que diz: Para a maioria dos homens, mulheres solteiras, seja por separação ou por opção, são vistas como “mulheres sem dono”, por isso disponível, “qui nem tumate de feira”. Eu completo, com todo verbo que me é peculiar: Expostas a boçalidade de quem está acostumado a dispor de si em prol do staus quo.
Sinto-me aviltada e ao tempo  oprimida por uma sociedade machista e preconceituosa, quando passo por uma situação constrangedora e me pego refletindo se devo mesmo esclarecer o mal entendido,  e olha que acabei de concluir um curso em Gênero e Raça pelo Neim/UFBA, além de ter alguns anos acompanhando o movimento feminista, seja pela UBM seja pelo movimento social como um todo.
Sinto-me como aquela mulher que apanha do marido e ao se olhar no espelho pergunta-se:
- O que vou dizer no meu trabalho? O que vão dizer se fizer uma queixa, afinal ele é o pai dos meus filhos? O que minha família ai dizer?
E lá vai ela se convencendo a caprichar na base e no pó. Ensaiando uma desculpa, um discurso, um olhar sem eira nem beira que dispense quaisquer comentários. Ela se cala preparando o corpo, o espírito e o coração para mais uma surra.
NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO.
O silencio perpetua a violência, a voz conta ela tem de se levantar ou acompanhada dos estilhaços da louca ou da sirene da policia ou da denuncia anônima pelos serviços oferecidos pelo poder publico.
Um inocente bilhete debaixo da porta, nem sempre é tão inocente assim....

“Quando eu soltar a minha voz/ Por favor entenda/ Que palavra por palavra/ Eis aqui uma pessoa se entregando/ Coração na boca/ Peito aberto/ Vou sangrando/ São as lutas dessa nossa vida/ Que eu estou cantando...” Gonzaguinha.
T.