quarta-feira, 28 de maio de 2014

Paremos todos!


Putas, taxistas, lixeiros, travestis, alunos e professores, policia e toda bandidagem, funcionários públicos, agentes penitenciários, cozinheiras ou chefes como preferirem, donas de casa e vagabundos S.A., pretos, brancos, azuis ou amarelos, chilenos, bolivianos e todos os vira latas que se prezem, se apresentem, decreto paralisação oficial.


Seguido na onda das mobilizações anti copa outros movimentos ou pseudos movimentos se juntam aos anti Neymares e Solaris e pressionam o estado ou seus patrões em busca daquilo que acreditam sejam seus direitos. Até devem ser, mas há que se ter uma forma menos drástica de chegar a eles.

Talvez porque em se tratando da Copa ela vai acontecer com hospitais ou sem eles, principalmente porque bem a moda brasileira tudo acaba em pizza nesse caso em gols e em um mês de pouco trabalho e muita comemoração, mas o texto não é sobre isso, os legados da copa deixo para os entendidos, entretanto é impossível não fazer um paralelo entre a quantidade de greves que tem ocupado as manchetes e o maior evento esportivo, depois das olimpíadas e seu acontecimento no Brasil.

Há os que são contra, então porque não aproveitar e usar o momento para insuflar aquilo que estamos vivendo: o caos, para desacreditar o pais, os movimentos sociais e toda a organização democrática construída.

O estado da Bahia, mais especificamente Salvador tem vivido dias quentes, mesmo fora do verão. Primeiro a greve da policia militar e as implicações políticas que a envolviam. Depois a quase greve da policia civil e agora a paralisação dos rodoviários e ontem no jornal da manhã a greve dos professores em São Paulo.

A Constituição, nos da algumas garantias, entre saúde, educação e moradia também esta o direito a greve, artigo 9º. Concordo com ele, acho legitima a luta por manutenção de garantias ou aumento de direitos, contudo em alguns momentos sou obrigada a questionar pra onde tem nos levado essa inversão do uso democrático dos instrumentos que a própria democracia nos oferece.

Primeiro o sindicato aceita a proposta dos patrões, algumas horas depois os rodoviários paulatinamente vão parando, parando, parando e a frota de dois mil rodoviários parou, as 20:30 ou muito antes disso não havia um ônibus na rua, mas haviam pessoas de todos os tipos, idades e profissões que não tinham como voltar pra casa. Algumas andaram quilômetros depois de um dia inteiro de trabalho, as mais sortudas dormiram na casa de amigos e parentes e houve ainda quem dormiu na estação da Lapa.

Hoje pela manhã é fácil saber o que aconteceu e a perspectiva de resolução esta longe das nossas vistas, já que a previsão de uma nova votação é no dissídio que será votado ou discutido, não entendi bem, na quinta feira. São quatro dias que a cidade para, que as pessoas estão impossibilitadas de exercer seu direito de ir e vir ou o exercem com muitas dificuldades.

Essa paralisação ou a forma como ela foi conduzida, mostra o desmonte ou a truculência ou ainda a inversão do uso do instrumento dos trabalhadores que é o sindicato, representação legitima de uma determinada categoria. Isso que estamos assistindo é um agrupamento corrupto e sem compromisso, vide o assassinato de Colombiano e Catarina.

Usar a população ou explorar o caos urbano pra pressionar seja o governo seja o patrão no meu entendimento é um ato criminoso, além de um puta desrespeito com a população.
Pra não perder o costume e passar essa greve pelas questões de gênero, lembro-me das mulheres de modo geral e em especial as mulheres da periferia, que nesses momentos tem suas dificuldades aumentadas, porque vão desde voltar pra casa até achar quem fique com seus filhos.

Minha indignação não veio à tona porque fiquei horas no ponto de ônibus ou porque não tive quem ficasse com meu filho, porque graças aos Céus moro a 20 minutos do meu trabalho e ainda que a escola integral  que ele estuda tenha parado, tenho quem me de suporte nas chamadas urgências da vida, entretanto eu pago impostos e para além disso eu acredito na democracia e em alguma ordem existente na terra em que as coisas ou os caminhos devem ter e tomar pra manter ou garantir um mundo minimamente equilibrado ou organizado, porque justo ele ta longe de ser.

T.