terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Presente de Natal

Pesquisando o coração sobre meus sentimentos e sensações em mais esse dezembro, com suas festas, presentes e mensagens natalinas, lembrei de “amigo secreto”, shoppings lotados e todas as convenções que a época exige muitas vezes de nós.
Vasta lista de nomes me passou pelos olhos e tão vasta quanto, foram as sensações e lembranças que eles me trouxeram, perdida entre os desejos da época lembrei-me do motivo desse frisson, Jesus e pensando nele, me dei conta do presente que deveria providenciar.
Desisti das compras. Num mergulho silencioso, sincero e profundo, dei meia volta pra o mais profundo de mim e nessa viagem ouvi a sabia voz de Paulo: “Renunciai à vida passada, despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras. Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma e revesti-vos do homem novo, criado a imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade”
Meu coração diminuiu-se ao tamanho de um grão de mostarda mostrando que minha fé e sentimentos tem o mesmo tamanho, talvez por isso seja tão difícil seguir a receita de Paulo. Me imaginei um grande vaso de argila barata se esvaziando lentamente, não sem dor, esforço ou culpa, de todo orgulho, arrogância, impureza, a paixão, concupiscência, avareza, ira, cólera, malícia, maledicência, das palavras torpes, da mentira e aos poucos foi meu espírito desfalecendo até tornar-se um nada.
Condoída desse processo dos males que nos permitimos interiorizar, desejei ardentemente que meu eu se transformasse num vaso de alabastro preenchido por Amor e Perdão.
E, assim canetas e abotoaduras de ouro, travesseiros de penas, perfumes, sapatos de couro, malas de viagem, bebidas finas, camisas de linho, comidas importadas, matéria supérflua  que o tempo iria corroer, perderam o sentido e a importância.
Caminhando pelo impacto dessa descoberta sobre mim, meu peito se encheu de luz e senti a Centelha Divina desabrochando dentro do meu coração, assim Jesus se fez presente com os  braços abertos, agora longe da cruz e bem perto do meu desejo de fazer nascer o Homem Novo.
Meu presente pra Jesus nesse Natal será colocar no Altar do Pai o meu e o seu coração renovados pela sabedoria das palavras de Paulo e da esperança que sempre haverá sol ao amanhecer.
T.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Fim

Um pouco +
Tantas coisas poderiam ter acontecido. Poderia não estar aqui hoje ou se estivesse não seria nessa situação de “mal estar”, mas isso não vem ao caso, isso é o de menos.
O que seria um pouco mais?
Falar sem reservas do que colhemos quando fazemos nossas escolhas. É estar certo que o futuro vai chegar, não sem dores ou feridas, mas com elas e por elas será vitorioso. São as cicatrizes que contam sobre nossas batalhas, sobretudo das nossas vitorias.
Meu um pouco mais para você é desejar que seja feliz, assim como eu tenho estado. É saber que as coisas a sua volta se agregam e não se esfarelam. É sentir seu coração sereno e tranqüilo. É saber que depois de “lutar suas lutas”, você tem para onde voltar, mesmo sabendo que nem o Cristo teve onde recostar sua cabeça,( Mt 8:20), mas ele não morreu para que tivéssemos? É saber que parte sua não é morna Ap 3:15-16.
Me pergunto se não deveria ter enfrentado essa batalha e assumido esse lugar a seu lado. Seu braço, sua parceira, a mulher ajudadora, que briga, que cobre sua retaguarda e ao mesmo tempo permite que você direcione as coisas, que recebe sua sexualidade sem reservas e participa da vazão dos seus desejos. A brecha da sua vida era essa e eu não consegui perceber, ou até percebi, mas era imatura demais pra enfrentar com galhardia essa batalha.
Tirei meu time de campo e permiti que outra assumisse esse lugar, porque realmente acreditava que seria a melhor escolha para mim e para você. Hoje quando ouço as pessoas, percebo você e as fissuras se agravando no seio da sua família, e a clara repulsa do conjunto humano a sua volta a essa relação que você mantém, me pergunto se não poderia ter sido diferente se você tivesse se dado algum tempo.
As relações agregam, não separam. O amor cura e não machuca. A convivência exalta as qualidades e não o contrário. Crescer é a palavra chave. A alegria do contentamento invade nossa alma e ainda que tudo seja uma merda, temos prazer e isso transparece em nossos olhos.
*Adendo 13/12/2001
Repensando nossa conversa de ontem sobre ser só e estar só, reforço a necessidade da sua reflexão sobre esse assunto. Porque você esta preenchendo sua necessidade de não estar só, mas será que você preenche o outro o quanto ele merece ou gostaria ou são dois a viver de migalhas?
Você vê e mantém aquilo que lhe convém, o que esta fora do seu alcance de visão é aquilo que se apresenta a uma platéia que assiste atenta, ao turbilhão de emoções que sente e desfila, a olhos vistos, dentro do outro.
E Ela sente e como sente. Ciúmes. Insegurança. Incerteza. Inveja. Desconforto. Vergonha. Irritação. Raiva. Um amor sufocado na sua intensidade, que você não vê, mas transborda e se derrama violentamente as suas costas, sobre os outros de forma por vezes vil e confusa, como compensação daquilo que fica engasgado. Ela reflete a sua confusão interna. Frágil e imatura emocionalmente acredita que na concordância dos seus “malfeitos” e no reforço da sua soberba, aposta alto que assim você vira.
“...  impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi/Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi/Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi/O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá” Novos baianos.
Sabemos que sua permanência se dará, na medida que seu medo do abandono for saciado. Depois certamente virá outra e outra, porque não é fora que encontramos companhia, é DENTRO.
Dentro do Amor de Deus. Dentro dos ensinamentos da Palavra que você tão bem conhece, na batalha do Homem Velho x Homem Novo. Dentro do temor que ainda existe em você. Dentro do compromisso assumido naquele corredor fétido. Dentro do ministério/trabalho que você abraçou. Dentro do seu perdão. Dentro do desejo do seu coração, ainda que nublado pela carne e fuga do espírito.
Do lado de dentro, confuso e só, como um menino perdido no parque de diversão. Você permanece na infantilidade dos sentidos em fuga do caminho da reflexão profunda sobre você, suas expectativas e frustrações. Percorrer esse caminho é se deparara com a própria falência e ter de refazer esse caminho seja se deparar com dores que você já sentiu.
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Na ausência da minha voz e na solidão da sua leitura espero que você perceba o respeito e o amadurecimento do profundo amor que sinto por você, por isso o chamo a razão.
Quero mesmo que você encontre seu lugar de paz! Oro a Deus que isso aconteça e você consiga enxergar  as coisas que são realmente importantes: suas filhas, seus netos, seu filho e sua família que mesmo estando afastada de você mais e mais a cada dia, O AMA e mesmo mergulhada  nesse aparente silêncio torce, como eu, para que você retorne daí de onde você se esconde.
Ou vai ver que é isso mesmo que você quer, viver sua liberdade sem ninguém que lhe traga o ônus, longe das coisas que você não conseguiu mudar. Você está vivendo uma realidade a parte das verdades do mundo interior e esteja feliz dessa forma e eu viajando nas minhas conjecturas, mas isso eu nunca vou saber.
Com carinho
T.
14/12/2011.

Ato 3

O perigo dos desejos
É ele pensei. Ouvi uma voz ao longe. Nunca havia visto você. Um homem alto, de terno, negro. Viril eu diria, pensei: “Vou levá-lo para minha cama”. Envergonhei - me. Esse tipo de pensamento não faz parte do meu repertório. Almoçamos, cumprimos agenda. A caminho do aeroporto um fio de saudade começou a ser tecido em meu coração.
Uma cólica me nocauteou, só me restava ir para casa. Deitada acompanhada de chá de camomila e buscopan atendi ao telefone e uma voz preocupada perguntava o que havia acontecido, o que eu tinha, se tinha ido ao hospital, eu me reservei o direito de perguntar: Quem é?
Pra minha surpresa era ele, dizendo que chegaria no outro dia para uma reunião, como aconteceria tantas vezes e que ele achava importante que eu o acompanhasse. Eu? Anotei o endereço, ao lado de casa, não me custaria nada e seria num restaurante que eu adoro a comida. A hora marcada ele chegou, com uma jaqueta do exercito e toda pressa que lhe é peculiar. Abraçou-me e ali dentro daquela jaqueta verde, fiquei arrebatada. Dia 15 de novembro de 2008.
Um sumiço de final de ano e um telefonema as 06h00min horas da manhã para dar inicio a uma historia apaixonada de um homem e uma mulher.
Difícil. Casado, três filhas, um casamento acabando. A liberdade batendo as portas e o convidativo sol de Salvador pronto a entregar-lhe as chaves. Como resistir aos encantos e aos perigos de uma paixão, assim de chofre caindo no seu colo?
Uma brisa cálida a envolver-lhe, um lugar de paz, o seu lugar de paz. Um coração jovem e apaixonado disposto a comprar essa fatura vencida e enfrentar o mundo para viver isso, que nem esse tal coração sabia o que era. Sabia que queria.
Foram telefonemas e emails trocados. As filhas e a família tudo há seu tempo. Cartão fidelidade da Tam, da Gol e da novata Webjet. A ex - mulher, a fuga da mudança e o abrigo carinhoso da tia querida. Assim fomos indo. Fizemos planos. Você arrumou uma casa. Comprei cada coisinha que minha imaturidade e o centro de Itaboraí permitiram, panelas, tapete de banheiro, lençóis e toalhas caríssimas, faltou o roupão, chorei na loja. Você ficaria lindo!
Finalmente você perguntou se eu queria casar com você. Fiquei estarrecida. Você queria casar comigo! Aquele homem viril que poderia carregar o mundo com os polegares queria casar comigo? Sim comigo, lembrei da minha mãe falando que homem nenhum casaria comigo, meu mau gênio e minha tão alardeada independência, assustaria qualquer um.
Foi num quarto de hotel. Estávamos deitados, ou melhor, eu estava deitada em cima de você. A pergunta foi simples: Quer casar comigo? Ainda perguntei: Tem certeza? Você me beijou. Daí pra frente foi uma loucura só. A casa dos meus pais, a intensificação dos cartões fidelidade, uma crescente de emoções e distâncias.
Essa maluquice toda foi comigo. Na verdade nunca soube como você se sentia em relação a tudo isso, apesar dos meus longos emails sobre tudo, pouco você me respondia e quando estávamos juntos, nada existia além das grandes janelas do apartamento do Canela.
Fim de ano. Listas de Presente. Ninguém contava com uma criança. Sim, estava grávida. Você vai ser pai. Como dantes, em tantas outras coisas, nunca soube o impacto disso em sua vida. Você parecia feliz. Me chamava de mãe mais linda da Bahia.
Eu queria morrer de desespero. Como grávida? Como assim? Passei um natal em uma tormenta interna. Suas mãos me seguraram e você me garantiu que ficaria ao meu lado fosse a decisão que eu tomasse. Ano novo passei de verde e amarelo, mesmo assim passei por outra crise e cai nos braços da minha família, onde carinhosamente fui reconduzida a sanidade e as responsabilidades que um aborto me trariam principalmente emocionalmente.
De volta a Salvador, passei os nove meses, super assistida. Nunca tive um enjôo ou desejo. Minha terapeuta disse que foi a forma que meu subconsciente encontrou de me proteger da falta que você fez e como você me fez falta. Fiz um barrigão, como diz lá na terrinha. Suas visitas sempre carinhosas e preocupadas.
A única vez que me senti preterida pelo seu silêncio, você me contou a história de Davi. Foi no dia que soubemos o sexo do bebê e escolhemos seu nome. Davi, escolhido pelo coração de Deus, onde você emocionado, me pediu para não julgá-lo pelo que vejo, mas tentar imaginar pelo que você passa e muitas vezes não consegue sentir. Choramos.
Finalmente as contrações, uns 10 dias antes do previsto. Fui para maternidade você não havia chegado. Davi nasceu as 23:00 horas, exatamente a hora que seu avião pousou. Falei para minha mãe, assim que ela me avisou da sua chegada, estava na mesa do centro cirúrgico: Davi adivinhou, esse viadinho queria chegar junto com o pai.
De azul e com seu melhor sorriso, você me beijou na testa e feliz pegou seu filho, o varão dos Monteiros no colo. No outro dia a certidão de nascimento plastificada e com direito a cópia para avó. O que se segue são as minhas cobranças, as minhas dores, toda falta que senti de você e 300 reais no armário. Era o inicio do fim, ainda assim, as malas foram arrumadas, a mudança providenciada e numa conversa a 2 dias antes de finalmente vir morar com você em São Gonçalo, nossa relação sofreu um abalo que não teve desculpas ou esparadrapos que pudessem curar a ferida.
Ainda teve a internação de Davi, meu Deus como sobrevivemos a tudo isso? Minha mãe falou certa vez que eu forcei a barra para casar com você depois que engravidei. Fiquei ofendida. Ela tinha razão. Descobri tarde demais.
Eu quis você desesperadamente sem ter a noção exata do que isso poderia significar sem a proteção das grandes janelas do apartamento do Canela.
Ainda assim, mesmo sem saber como foi esse vendaval chamado em sua vida, mesmo sabendo que nunca saberei o que significou esses três anos para você, vivemos uma grande história e como não poderia deixar de ser nosso final feliz se chama Davi.
T. 

Ato 2

Deixei você
Tudo passou a ser pessoal. Coisas ínfimas eram uma catástrofe e as catástrofes o fim do mundo. Foi  acabando, definhando, rasgando nossas emoções e nosso vasto vocabulário diminuindo. Houveram conversas, tentativas, lagrimas e promessas. Perdemos o time. Houveram tardes de cerveja, risadas, alguns jantares e algumas vezes bêbados outras vezes empolgados por fatores externos ou apenas pelo tesão de um homem por uma mulher conhecemos todos os motéis da região.
Tentamos trabalhar juntos, tentamos ser parceiros, tentamos, mas algo deixou de dar liga, simples assim. Situações, palavras, emails, investidas e as brechas foram se abrindo no nosso coração e em nossas vidas.
Esses dias me falaram: Você deixou seu marido para outra! Respondi: Sim. Depois fiquei pensando na minha resposta, acredito que as pessoas precisam buscar a sua felicidade e comigo você não estava feliz, apesar ainda amá-lo com paixão não iria impor a você minha presença, escolhi deixar pra trás toda minha aposta de ser feliz, pra que você vivesse sua escolha e fosse feliz. Na minha balança de valores você era mais importante que eu, talvez pelo seu histórico e sua busca desenfreada de achar seu lugar de paz. Tem também a falência da minha vontade quando o assunto são as dificuldades que a vida nos impõe para crescermos.
 Você se encantou, ouso a dizer que você se apaixonou, por uma mulher, na acepção da palavra, e ela se perdeu na dureza de uma nova realidade completamente adversa. Como falamos lá entre as montanhas do caminho e ao som de Roberto Carlos, aprendi da pior forma sobre as dificuldades de crescer, sobre como é complicado ser responsável, como é triste ser sozinho para dar rumo à própria existência, como  éser aquela mulher que você conheceu sem a farta estrutura do estado, dos amigos e da família.
Vivi uma década em 12 meses, 365 dias, 52.5600 minutos e 31.622.400 segundos. Quando você me perguntou: agora que você percebeu que é difícil? Nem eu ouvi minha resposta, por que pude sentir o peso da solidão de ser eu sem máscaras ou perspectivas.
Num dia qualquer no meio da chuva, estava sob um céu cinza e carregado. Carregado de medos, expectativas, sobretudo, medo. A cada passo do caminho ao mesmo tempo em que o passado se distanciava o futuro estava como o céu, cinza e carregado. O sentido das coisas, já não podia ser mais sentido, um vazio sem fim ou forma, tomava conta de todos os espaços, imobilizava as pernas e fazia da voz um sussurro, longe e sem forças.
 Já dentro da casa, também vazia, jaziam folhas de jornal, uma coberta, algumas malas e um laptop, única ligação com a humanidade. Tomada de frio e fome, um cansaço envolveu o que restava das minhas forças e chorei. O som que saiu de dento de mim se assemelhava a dor de um animal abatido e naquele momento toda dor, transbordou. Mesmo certa das escolhas, estava despreparada física e emocionalmente para suas conseqüências. Com ossos doloridos e já sem estômago, me vi ajoelhada, num pranto nunca dantes sentido, a falar e caminhar desconsolada pelos aposentos, murmurando palavras sem sentido, frases entrecortadas, acontecimentos idos.  Era um momento em que ansiava por respostas, o corpo por alimento e a alma de conforto. Aquele que seria um passo pra caminhar em frente, se transformará em um mar de frustrações, angustias, magoas e desesperança. Cansada observei a falência do corpo e fui tomada por num sono pesado e profundo. Minha última lembrança foi ter ouvido alguém falar que Deus ouve nossas preces e orações, então pedi: Senhor socorro. Sem sonhos, permaneci imóvel, não sei por quanto tempo.
No meu intimo uma suave presença me embalava como nos tempos da infância, uma doce fragrância enchia o lugar, assim meu coração se deixou aconchegar aquecido por esse milagre dos sentidos. Abri o os olhos vagamente lembrei-me do ocorrido. Caminhei pela casa e senti um leve mal estar, talvez fosse fome, entretanto a sensação de tranqüilidade era palpável. Todo peso e angustia já não estavam mais ali ao alcance das mãos "Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria." E assim tem sido desde então.
Ouso a dizer que Deus me descobriu nesse instante ou o contrario como preferir.
Uma coisa é certa, no momento que deixei você, não me dei conta que deixava a mim mesma. Teria de me reinventar e só que também não me dei conta que isso seria muito dolorido.
“Você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui.” Cidade Negra
T.

Uma vida em três atos

Ato 1 De trás pra frente
É impossível se manter incólume de sensações, arrebatamentos e saudades, mais inverossímil ainda é não se perguntar ou elucubrar respostas, mas, o que é fato é certo.
Ao som de Roberto Carlos, ao fundo o aeroporto, cenário de tantas chegadas e partidas, seguida de montanhas e um cheiro de criança adormecida. Como se manter serena, sem chorar ou sentir dor?
O sol nasceu lindo e ao alcance das mãos. Pela janela grandes nuvens descortinando um céu limpo e em branco, como as folhas que se abriam diante dos meus olhos, assim que senti o avião tocar o chão, ainda assim foi com turbulência que a madrugada foi atravessada. Sem saber como aportar em um novo cais dentro do mesmo homem, entrar na carcaça desse mesmo barco tendo outro marinheiro no comando. Tempo encoberto para vistas acostumadas a esses mesmos mares, outrora tão fáceis de navegar. Disse Jesus a seus discípulos numa noite chuvosa “Homens de pouca fé” ( Lc 8:22 – 25).
Contrariando, inclusive a ANAC, o vôo adiantou 20 minutos, que transtorno, não fosse isso à hora combinada você estaria lá, de braços abertos e feliz, como vi poucas vezes a espera do nosso pequeno presente.
Foi ameno, mas confesso meu distanciamento em boa parte do tempo. Passado o idílio, sua vida nos chama a realidade. Trabalho, planos, projetos, uma busca frenética, que em quatro anos ainda não consegui descobrir pelo que é. Vi de perto onde esta sendo investido seu fôlego e forças. Entre a preocupação em segurar o frisson do com os jatos de água e observar a natural curiosidade de ver o pai mais de perto, observei o trabalho, as formas de interagir, os comportamentos e as possibilidades que podem surgir dali, por hora observar é minha tarefa, o mais o tempo vai fazê-lo ( Ec 3:1 e 17).
Coisa simples os gostos da vida, café com leite e pão com queijo na chapa, coisas que só o sudeste pode oferecer. Uma brecha e a curiosidade se fez presente, um coração de bem com vida e outro morno, a refletir, de comum entre eles, só as inevitáveis conseqüências. Seus olhos ainda me dizem algumas coisas e naquele inicio de manha manhã nada achei, nem tristeza, nem empolgação, um horizonte vazio. Preferi me abster e me bastar em mim e no delicioso pão a minha frente.
A vida segue seu curso, no seu caso ela tem pressa, mas planos, mais projetos, mais, mais, mais, para você mais é sempre mais. Senti o característico vento do seu vigor, a agilidade do seu pensamento e as idéias brotando uma a uma no solo fértil da sua vontade persistente de finalmente poder ser, ter, viver, respirar, apenas isso respirar sem pesos, sem duvidas, sem tantas coisas e com tantas coisas. Ainda há um aniversario, parte das carnes ficaram sob sua responsabilidade, como o carro a trocar e as questões pessoais para temperar esse banquete que é você.
Finalmente chegamos. Família. Uma injeção de carinho, amor e saudades. O semblante enternecido até dos mais brutos, prova que é um presente Davi para todos nós. Amigos que mesmo a distancia permanecem amigos, talvez por isso, sejam amigos.
O sol iluminava a casa e o domingo. Tudo tão simples, pessoas reunidas para um almoço de domingo seguido de um bolo de aniversario. Simples porque as crianças quando se encontram parece que foi ontem brincaram pela ultima vez, estão livres e riam a valer. Simples porque estar junto de quem à gente gosta e gosta da gente é simples. Tão simples que toda turbulência do meu interior se esvaiu e ficou só o cansaço da viagem. Simples assim, o amor cura as pessoas quando a gente se permite amar, aceitar e viver a complexidade e a delicia das dores de ser quem a gente realmente é. Sem cobranças e sem nada que não seja viver em Família. Foi importante viver esse momento, não só para exorcizar mais também para me confirmar à necessidade de manter as referencias que Davi precisa ter. Quer melhor?
Um burburinho e você me dizendo que amanhã estaria aqui. Falar o que diante de tanto distanciamento. Se conhecesse menos sua intrincada personalidade diria que sua aparente indiferença era real, mas hoje quando falei sobre Davi e Tio Dandão, percebi seu pesar, foi de propósito, confesso. Davi ali correndo, rindo, conversando, bebendo da família que tanto o ama, todo sujo, fazendo xixi no jardim e colocando a mão no peito de Carina sem a menor cerimônia. Deu-se o discreto falatório, mas o posicionamento de conformismo é opressor, o sentimento de vazio da tarde também. 
T.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Retificação

A pizza, aquela que não embolorou, ficou 2 meses dentro do forno e não cinco ou seis meses.
Explicação: tenho um traço "atemporal" em minha personalidade.
T.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A invasão

Quando minha irmã se mudou de São Paulo para Salvador, na confusão que é mudança, entre caixas e prazos, ela esqueceu dentro do forno uma pizza. Já instalada em "terras de Jorge", um dia ela se lembrou do acontecido, então vira e mexe a gente comentava, como encontraríamos o tal pedaço de pizza quando a mudança chegasse. Passados cinco ou seis meses não sei bem, finalmente a mudança deu o ar da graça. Lá estávamos nós duas no meu portão, pra onde foram temporariamente suas coisas, a espera do caminhão e da pizza claro. Desceu sofá, caixas de livros, geladeira, mais livros e o fogão nada, outa caixa ela pulou logo, "la vem ele", que nada, mais livros. De livro em livro, finalmente o fogão foi colocado no seu cantinho da cozinha. Ficamos lá as duas, olhando o fogão com cara de "ué", quando finalmente, minha irmã rasgou papel bolha e papelão e abriu o forno. Lá estava ela, intacta, sem nenhum bolor, como se tivesse sido colocada lá ontem mesmo. Foi um misto de surpresa e decepção. Surpresa por que ela estava boa, até coradinha, imagine!  Decepção, por que já tínhamos imaginado todo tipo de elementos verdes saindo e pulando para fora do fogão prontos para começar a tomar o Plante Terra.
Me lembrei dessa história, talvez eu quisesse ser aquela pizza. Fiquei pensando como algumas coisas não se transformam independente das intempéries por que passam.
Os últimos tempos são recheados de coisas que me fizeram outra pessoa. Revi valores. Meu coração ouviu outra canção. Meus olhos descobriram outras nuances nas mesmas paisagens, interiormente me percebo outra pessoa, meu espelho também tem me mostrado algumas diferenças.
Em momento de arrumação de malas, me pergunto como será, rever lugares, pessoas e situações, assim tão diferente, lembrando que não to falando de outra encarnação e sim de meses?
Não sei e isso me assusta. Confesso uma certa angustia e uma leve sensação de “dejavú” me desagrada. Suspiro. Respiro.Oro.
Não há mais muito que eu possa fazer, as mudanças foram necessárias para que eu sobrevivesse as intempéries, no mais, confiar no tempo e certamente nas transformações que o mesmo deu a toda madeira que se dispõe a ser arte.
T.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Pra minha amiga T, que hoje achou um fio de cabelo branco!


AS MULHERES DE 30 - (Crônica de Mario Prata publicada na Revista Época) 
que mais as espanta é que, de repenteelas percebem que  são balzaquianas. Mas poucas balzacas leram A Mulher de Trinta, do Honoré de Balzac, escrito há mais de 150 anos. Olhe o que ele diz:
“Uma mulher de trinta anos tem atrativos irresistíveis. A mulher jovem tem muitas ilusõesmuita inexperiência. Uma nos instrui, a outra quer tudo aprender e acredita ter dito tudo despindo o vestido. (...)Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satisfaz tudo, e a jovemsob pena de não sê-lo, nada pode satisfazer”.
Madame Bovary, outra francesa trintona, era tão maravilhosa que seu criador chegou a dizer diante dos tribunais: “Madame Bovary c’ést moi”.  E a Marylin Monroe que fez tudo aquilo entre 30 e 40?
Mas voltemos à nossa mulher de trinta, a brasileira-tropicana, aquela que podemos encontrar na frente das escolas pegando os filhos ou num balcão de bar bebendo um chope sozinhaSim, a mulher de trinta bebe. A mulher de trinta é morenaQuando resolve fazer a besteira de tingir os cabelos de amarelo-hebe passam, automaticamente a terem 40. E o que mais encanta nas de trinta é que parecemque nunca vão perder aquele jeitinho que trouxeram dos 20. Maspara issocomo elas se preocupam com a barriguinha.
mulher de trinta está para se separarOu  se separou. São raras as mulheres que passam por esta faixa sem terminar um casamentoEm compensaçãoainda antes dos quarenta elas arrumam osegundo e definitivo.
grande maioria têm dois filhosGeralmente um casal. As que ainda não tiveram filhos se tornam um perigoquando estão ali pelos 35. Periga pegarem o primeiro quarentão que encontrarem pelafrenteElas querem casar.
Elas talvez não saibam, mas são as mais bonitas das mulheres. Acho até que a idade mínima para concurso de miss deveria ser 30 anos. Desfilam como gazelasembora eu nunca tenha visto uma (gazela). Sorriem e nos olham com uns olhos claros notou que elas têm olhos claros? E as que usam uns cabelos longos e ondulados e ficam a todo momento jogando as melenas para trás? É dematar.
problema com esta faixa de idade é achar uma que não esteja terminando alguma tese ou TCC. E eu pergunto: existe algo mais excitante do que uma médica de 32 anostoda de brancocom oestetoscópio balançando no decote do seu jaleco diante daqueles hirtos seios? E mulher de trinta guiando jipeCovardia.
mulher de trinta ainda não fez plásticaNão precisa. Está com tudo em cima.  Ela, ao contrário das de vinte, nunca ficaram. Quando resolvem vão pra valer. Fazem sexo como se fosse a última vez. Amulher de trinta morde, gritasua como ninguémNão finge. Mata o homem, tenha ele vinte ou 50. E o hálitoentão? É fresco. E os pelinhos nas costas pra baixoque mais parecem pele de pêssego,como diria o Machado se referindo a Helena queinfelizmentenunca chegou aos 30?
Mas o que mais me encanta nas mulheres de trinta é a independência. Moram sozinhas e suas casas tem ainda um frescor das de 20 e a maturidade das de 40. Adoram flores e um cachorrinho pequeno. Curtem janelas abertasElas sabem escolher um travesseiro. E amam quem querem, a hora que querem e onde querem. E o mais importante: do jeito que desejam.
São fortes as mulheres de trinta. E não têm pressa pra nada. Sabem onde vão chegar. E sempre chegam.
Chegam  atrás, no Balzac: “a mulher de trinta anos satisfaz tudo”.
PontoPra elas.

Um dia Ele chega...


Eu confesso minha abstinência dos 30 anos, tomando a eternidade como parâmetro, prefiro pensar que ainda estou na pré-adolescência.
Não, realmente não penso que entrei nos "inta", absolutamente não os sinto, mas tenho a vivência exata das responsabilidades que aos 20, nem me passavam pela cabeça, ou melhor, passavam, mas num parentesco distante com o tal “A” de eterno, porque “A” eu nem imagino.
Ainda me lembro de alguém falando que depois dos 30 não existia vida. Socorro!!!!!!!!!!!!!!!
Hoje fui içada da abstinência dos 30 anos. Foi um soco, bem no meio da boca do meu estomago. Um susto e o inicio do “como começou a acontecer”?
A minha cabeleira em franco processo de crescimento encontrou um intruso. Perdido, meio sem saber onde ir no meio da dupla dinâmica secador e chapinha, estava lá, impávido, ele, o fio de cabelo branco!
Alertada dessa estranha presença corri até espelho e ele estava lá, me senti o próprio Cebolinha. Bradei:
- A culpa é sua!
Imediatamente cai na gargalhada, a lista de possíveis culpados seria interminável, na pior das hipóteses e abusando do perdão absoluto de Deus, sim, ele é o culpado!
Fora ele, aquela professora gorda que não me deixou de recuperação por antipatia ou os quilos que insistem em não ser a menos, talvez o salário que invariavelmente acaba antes de terminar de fazer as contas do mês ou ainda todo caos da vida moderna que assusta as possibilidades de viver de modo zen, enfim.
Em poucos minutos uma vida passou pelos meus olhos, manja, tipo Faustão, no quadro Arquivo Confidencial, falando para o entrevistado:
“- Passa um filme pela sua cabeça...”
Os domingos em volta da mesa, ouvi risadas, senti o amargo das lágrimas, o aconchego dos abraços, o barulho da praça de alimentação e do microondas do refeitório, os olhares encobertos pelo burburinho da atividade política, o fim das saudades, o calor de alguns beijos, a luminosidade de muitos cafés a luz de poste, a maciez de alguns lençóis e música, por que a vida precisa de trilha sonora e vi gentes...
Voltei pra meu assento emocionada.
Trinta e cinco anos. Um filho lindo. Um livro de poesias, Uma Antologia Poética. Uma casa de paredes verdes, com uma piscina de plástico bem no meio da sala. Um ex-marido, porque não cita-lo?
Por mais engraçado que pareça, sem árvores plantadas no Ibirapuera no currículo, mas com um fio de cabelo branco capaz de me dizer que Tudo Valeu A Pena Até Aqui.

T.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pra sempre, por que?



Acho que não sou boa com finais, acho que ninguém é. Também não me dou bem com o silêncio. Minha miopia não lê o que a boca não fala, contido, meus instintos percebem a tensão no ar e o perigo eminente, então engulo seco as silenciosas conjecturas do outro....
Por que não perguntou?
Talvez o outro não consiga elaborar os sentimentos (adoro essa frase) ou não consiga se expor ou tantas possibilidades...
Não sei, mas observo o cuidado dos gestos, o olhar perdido e uma indiferença que protege e liberta de qualquer passo em favor de restabelecer, senão o amor, alguma réstia da beleza das noites perdidas em claro, cheia de risos, gozos e algum futuro.
Não que os finais não devam existir, pra sempre é muito tempo, eles só poderiam ser menos complexos e mais transparentes quando colocados as claras, santos subterfúgios...
Santo Antonio, Santos Expedito, Santa Rita, São Jorge, Santa Clara...
T.

Então...


As vezes eu queria saber por que as coisas são tão complicadas? As coisas ou as gentes?
Sei lá.
Ando por aqui checando emails, relendo textos que me emocionaram outrora, vivendo uma mistura de expectativa, ansiedade e algum sossego... Ando assim com olhos melancólicos, saudosos e doloridos...
Míngua de aveia, algumas lágrimas e filmes iranianos tem inundado meus dias, talvez na esperança de endireitar as “linhas tortas por quais Deus escreve” ou apenas andar sobre elas melhor que o equilibrista de Elis Regina.
Não sei...
 Ouço vozes, as vezes risos, passos pela escada, são minhas memórias conversando entre si, elas tentam reorganizar o futuro, isso me da medo, confesso... São coisas... Tantas músicas e algumas flores... Choro e sinto o escorrer das lágrimas e seu morrer em meus lábios... Amargo e frio, como os últimos dias inundado de água... Tudo parou ou andou lentamente, é assim, pernas e braços, não é assim na cabeça e principalmente no coração.
São muitas coisas... Qual é mesmo a definição de coisa?
Algo que não se consegue nominar...  Gente pode ser chamada de coisa?
Muito prazer então...
T.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Todas as coisas cooperam para o bem...



Rabiscos é o que sobrou do coração
Tudo preto e branco, arabescos coloridos, ontem
Em tempo desenhos, paginas viradas e outras dores
Tudo sem muito sentido, vazio
Perdi as aulas de arte, talvez por isso a dificuldade de colorir
Se...
Em branco 
perdi palavras, mais cresce a ânsia....
Pronta pra explodir engulo seco o ar, mar...
Numa bolha de sensações rodopio e piro tenha certeza
Uma agulha ou uma luta de esgrima qualquer coisa que fure
Sangre abundantemente até transparecer os ossos
Pra...
Aliviar as perdas, desculpar os enganos e pranto
Desmascarar as farsas montadas por mim
Reconhecer os que hoje ainda são importantes
mesmo que indiferentes
Cicatrizar naturalmente assim respirar
E descansar em Ti.
T.

Só sei que é assim...



Não sei muito para onde ir e também nem sei se quero ir. Importante saber a direção, senão o vento leva para qualquer lugar e qualquer lugar é coisa de quem nada sabe da vida. E qual é mesmo o problema em não saber?
Então, nesse momento to assim, completamente sem saber. Sinceramente acho que não é a primeira vez. Chato isso de cada escolha uma renúncia, uma conseqüência, um resultado e outras lágrimas, dores e sofrimentos, que negocio é esse?
Um poste com iluminação opaca e um copo cheio de absinto a sinto muito, acho que posso beber um pouquinho de tudo, até saciar a sede e apagar a explosão de um nada lancinante dentro de mim. É sempre assim quando o caminho está obstruído por nós mesmos, será hora de finalmente largar a banana e experimentar uma nova fruta? Lichia por exemplo, vermelha e cheia de pelos. Não sei. No fundo, dos lados e por toda eu, sinto muito, mas sou conservadora.
Não daquelas de véu e grinalda, mas daquelas que colocam toalhas brancas e fazem questão de arvore de natal, que mal há nisso? Nenhum, se vivêssemos num mundo menos contemporâneo ou seja lá o que isso signifique, só não significa viver escolhas pouco óbvias com facilidade, contaditório...
Dia desses conversando com uma amiga falávamos disso, das nossas escolhas não terem sido as mais formais e isso acabava não nos dando direito de reclamar ou se lamentar dos nossos cadinhos pela vida, isso sim é sacanagem.
Não casei ou pelo menos não com as flores de laranjeiras que enfeitam a igreja, não plantei mudas em parques públicos, mas tive um rebento, escrevo para não sufucar e vivo todas as agruras de ter de regar as relações cuidadosamente para que elas brotassem, como qualquer funcionário do parque do Ibirapuera, do Parque da Cidade ou do Jardim Botânico, isso me faz diferente de quem mesmo?
Da Angelina Joli. Será que nem ela tem dias ruins? Coitada, 24 horas linda e cada dia mais magra, bom 24 horas de Brad Pitt não seria nada mal ou não?
Não sei. Do pouco que imagino ser, tem muitos sins e nãos, talvez em abundância e a quantidade de se...
Aí Jesus, que vida é essa que se assemelha a uma prova de vestibular? Muitas alternativas e apenas 50% de chance “para cima ou para baixo”. Dissertação, só se a minha interpretação dos fatos for considerada em 100%.
Bom seria viver os contos de fada, mas ninguém sabe o que aconteceu depois do enigmático The End. Melhor assim, senão deixaria de ser “Conto de Fadas” e se chamaria, deixa para  lá, já tá tudo bastante complexo.
Sentada a frente do computador as letras se derramam sem sentido, talvez lhe pareça, mas que me importa...
De tanto se importar Mariquita ta apanhando até hoje, em casa, na rua e do futuro, bom é a vida dos outros, disse a vizinha, a minha eu já conheço. Será? Ou eu fujo dela me envolvendo em romances que certamente não darão em nada, a não ser em despesa com esparadrapo? Ou ainda petrificada nos enredos televisivos ou “cinevisivos”? Quem sabe um bom tanque para lavar ou uma boa pilha de roupa para passar, me traga para dentro de mim e assim minha aflição, dúvida, insatisfação se dilua junto com o sabão e evapore nos vincos da calça bege, que um dia fora nova, como as lembranças que insisto em não me desfazer?
O mundo é feito de perguntas, quem encontrar as respostas, por favor me avise o site!
T.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Miedo Lenine & Julieta Venegas

Sons e divagações

Essa música não sai da minha cabeça "Tem dias que a gente se sente, como quem partiu ou morreu…" Da vista um céu de brigadeiro. Do ponto de vista, melhor do que se poderia supor dadas as circunstâncias… Toureio dias, durmo noites frias e amanheço entre "bom dias" e preguiça. Pequenas pernas correm logo cedo e braços que gentilmente me envolvem com falas incompletas e completamente amorosas.
Se partir for viver outras viagens e morrer for começar de novo, Chico tens razão: "Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu…"
T.

Coisinhas bonitinhas.

Ceu de Brigadeiro - BRASIL ESCOLA.jpg
Quando a sexta-feira chega, muitas pessoas esperam as notícias do tempo para o fim de semana. Dependendo das condições climáticas, programam um dia inteiro no clube, um belo passeio na praia ou alguma outra atividade ao ar livre. Quando o prognóstico é de céu limpo e dia ensolarado, vemos que algumas pessoas dizem que o dia terá um “céu de brigadeiro”. Mas afinal, será que um dia bonito com céu azul tem algo a ver com a saborosa guloseima de chocolate?

De fato, os prazeres de um brigadeiro e um dia com o céu limpo podem ser equiparados. Contudo, se engana quem faz esse tipo de relação gastronômica para explicar a origem de tal expressão popular. A sua origem se assenta em uma antiga prática existente entre os membros da Força Aeronáutica. Na hierarquia dessa instituição militar, o brigadeiro ocupa o mais importante posto de comando da Aeronáutica. Geralmente, em razão de sua importância, esse oficial só faz voos quando o céu apresenta condições favoráveis.

A popularização do “céu de brigadeiro” aconteceu na medida em que os locutores de rádio das décadas de 1940 e 1950 tomaram conhecimento de tal prática militar. Sendo um veículo de comunicação onde as palavras têm grande impacto, vários locutores acharam interessante dizer que o dia tinha um “céu de brigadeiro”. Inicialmente, a curiosa gíria ganhou fama no Rio de Janeiro que, na época, ostentava o posto de capital do país e concentrava grande parte dos voos aéreos realizados.

É interessante ver como alguns termos percorrem uma origem completamente distante daquilo que poderíamos um dia imaginar. Sem dúvida, a língua é uma ferramenta de comunicação que permite as mais amplas possibilidades de construções simbólicas. Se porventura alguém se decepcionou com a origem desse termo, recomendamos o consumo de um prato de brigadeiros em um dia ensolarado. É um belo consolo, não?!



Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dá vida...

"Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu." Luís Fernando Veríssimo

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Tá tudo bem?

Responder essa a é sempre complexo,  do ponto de vista dos resultados sim: tenho trabalho, tenho casa,  a prole com saúde e bem cuidada, o dinheiro cumpre seu papel, nem mais nem menos,  o suficiente.
Que mais posso querer eu?
Um alento. Um abraço. Uma companhia. Flores: amarelas, do campo, gérberas, até rosas. Uma boa conversa num café no fim da tarde.  Pôr do sol e uma taça de vinho branco. Menos solidão...
Chico canta: “ tem dias que a gente se sente, como que partiu ou morreu...” Gosto dessa frase. Hoje me sinto partir. Ontem me senti morrer. Como venho de trás para frente amanhã, surgirei amanhã como a Fenix, das cinzas.
Cansada. Venho correndo, enfrentando trânsito, marmita morna, um regime de trabalho rígido e colegas mau humorados. Tudo muito diferente dos dias do estado, dos dias de partido, dos dias de antigamente....
Novas decisões exigem novas estruturas e posturas. Vida nova sim, mas “coisinhas enraizadas”, são difíceis de sumir assim, na velocidade com que as coisas acontecem. Me vejo assim tentando me livrar dos excessos ao mesmo tempo que me absorvo da necessidade de fazer diferente.
Como diria alguém: Onde fica Deus em tudo isso?
Trabalhando incessantemente, com uma xicara de café fumejante em frente ao seu mega notebook. De barba feita, cabelo bem cortado e impecavelmente vestido. Da sua janela Ele vê mares, crianças nascendo, montanhas, velhos jogando dominó e vozinhas fazendo tricô, vulcões em erupção, casamentos, plantações, amores, sofrimentos, Eu e toda sorte de privilégios e sortilégios que o infinito pode supor.
Observando a forma como encaramos as coisas, contando quantas vezes murmuramos contra ele, descontado a TPM, somando os nossos esforços em nos fazer melhor, perdoando a nossa, nem sempre santa ignorância, nos mostrando sinais, ordenando anjos para nos ajudar e mantendo seu amado Filho no leme das nossas vidas.
Cabelos mais curtos evidenciam os dois únicos fios brancos. As pequenas rugas ao redor dos olhos mostram o peso das preocupações e a dificuldade de relaxar e viver um dia de cada vez. Por incrível que pareça, com uns quilinhos a menos, tanto a fazer, ainda tenho que cozinhar?
Tony Garrido canta: “Você não sabe o quanto eu caminhei, para chegar até aqui, pecorri milhas e milhas antes de dormir, eu nem cochilei, os mais belos montes escalei, nas noites de frio eu chorei.. A vida ensina e o tempo traz o tom, pra nascer uma canção, com a fé no dia-a-dia encontro solução…” 
Será que respondi sua pergunta?


T.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Se...

Quem dera eu aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. O último pra esquecer tolices. O último para ignorar o que, no fim das contas, não tem a menor importância. O último para rir até o coração dançar. O último para chorar toda dor que não transbordou e virou nódoa no tecido da vida. O último para deixar o coração aprontar todas as artes que quiser. O último para ser útil em toda circunstância que me for possível. O último para não deixar o tempo escoar inutilmente entre os dedos das horas.''
T.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Eu


Uma nova página a ser escrita...
Um novo poema a ser declamado..
Uma avalanche a ser contida...
Um chamado a ser ouvido...
Uma chama sempre acesa...
Uma pergunta sem resposta...
Uma flor. Uma mulher. Uma carta de amor.
Com um mundo dentro dos olhos...
Mergulhada e engasgada num silêncio profundo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mulher solteira procura...

Existiu um dia, um lugar dentro de mim. Aconchegante e quente. Maternal e indolor. Talvez no longo percurso até aqui, os pedaços tenham se deixado ficar, por preguiça, orgulho, esgoísmo, falta de fé, quem sabe?
Sabido é que hoje, remexo velhos guardados e desse lugar só tenho lembranças, que se apagam dia a dia...
Hoje, dos muitos dias que já caminhei, desde muito não o via tão triste, tão só, engasgado e aflito. Uma solidão doída, trasnfigurada num choro compulsivo. Eu, um acarajé e a paisagem de um lugar da cidade, onde a presença de Deus é tocada, tão vasta é a visão do mar.
Uma pergunta: Posso te ajudar?
Que ponto do caminho é esse, em que as respostas as nossas preces são tão prontamente atendidas?
Não sei, mas uma voz doce, de olhar sereno, pedia que tivesse calma e confiança, que abandono para aqueles que crêem não existe. Pedia que eu saisse do sol, pois minha pele já se avermehava. E finalmente recomendava que saisse dali, pois a proteção Divina também requer a nossa colabroação. Uma conversa insólita, desacreditaria se não tivesse acontecido comigo.
Quanto tempo fiquei ali entre lágrimas e dedos sujos de dendê, não sei...
Considerando as consequências, levantei e peguei o rumo de casa. Nas mãos: fraldas, cartões, lembrancinha do dia das mães e o compasso de espera. Minha companhia constante.
O lugar que existia em mim, chamei de Lugar de Paz e aos poucos, sentada na condução, perdida entre o mar e os passageiros, fui percebendo/reconhecendo onde está esse lugar: Nos bracinhos abertos que encontro em casa, quando retorno da padaria ou de um dia duro, como o de hoje/ No "Deus te abençoe" da minha mãe, após os saudosos telefonemas do meio da semana/ Na certeza das minhas convicções e do meu caráter/ No exercício de assumir um erro, me desculpar e recomeçar/ No esforço de me manter "firme no propósito do bem"/ Na milenar tentativa de manter "a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo"/ No café passado na hora em casa ou na solidão de uma livraria qualquer com o mesmo café/ Na companhia da noite, como agora, em que o único barulho que invade a casa é o do mar, enchendo meus ouvidos de um som único, o da água.
Somos consumidos de ansiedades, desejos, culpas, ilusões e rapidez que "tudo ao mesmo tempo agora" além de pouco é espaço comum entre as pessoas, que se fundem, se confundem, sem ao menos imaginar/saber onde isso TUDO vai acabar.
Acho que não vai...
Com licença + vou me recolher ao meu Lugar de Paz e lá quero permanecer, independente das Tsunames do caminho, das vozes dissoantes da minha própria cabeça que afirmam que o caos, sendo organizado é possível de compartilhar conosco a existência, do excesso de orgulho e egoísmo, meu e das pessoas, das ilusões que se acumulam em meu coração e por vezes desaguam solitárias sob o céu de Brigadeiro de Salvador.
Disse pra alguém dias atrás que gostaria de viver em Tempos de Paz. Hoje descobri, que Paz é a gente que trás, não sem dor, mas "com a beleza de ser um eterno aprendiz."
T.

A Estrada - Cidade Negra

sábado, 7 de maio de 2011

D, como quiser!...

Descompassada
Desavergonhada
Despossuída de nervos
Desfeita de beijos
Desconsolada no íntimo
Desembrulhando desejos
Decidida no mínimo

Desfiliada de compromissos
Descomprometida de gênero
Destilando feitiços
Desconfiada por inteiro
Derretida de amores
Deflagrada no exagero
Descalçada de pudores

Despida de obrigações
Desvendando segredos
Declarando intenções
Desfilando enredos
Descongestionada de soluções
Desacreditada, desiludida
Desarmada, desmedida

Destemida por opção
Destituída de corrente
Desmanchada de paixão
Deliciosamente indecente
Descasada da traição
Deitada, debruçada
Delicada, descabelada

Desconstruída, despudorada
Desenfreada, desnorteada,
Degrau acima
Desfiladeiro abaixo
De repente
Deslizando como se fosse
De mel e azeite doce...


(a quatro mãos)

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Expectativas...

É engraçado perceber a sutileza com que as coisas esfriam, a partir das descobertas reais dos desejos que envolvem as pessoas, suas relações e seus desejos.
Priorizamos o diálogo, as trocas de idéias, dizendo da necessidade de criar um denominador comum para chegar a uma terceira via, uma construção, que agrade ou acomode todas as partes.
Fazemos sempre questão de "jogar limpo", afinal, somos adultos, conscientes e principalmente responsáveis pelas nossas escolhas.
Usamos um discurso afiado de certeza de nossos desejos, do quanto somos atirados, capazes de nos arriscar, de se entregar, de curtir até o última gota do tesão impregnado em nós.
Fazemos apologias mil, sobre sexo, sexo, sexo, sexo e outras coisas menos importantes quando só a pele consegue se expressar.´
Nesse afã de realizar as coisas mais inconfessaveis, engasgamos quando encontramos no outro, uma outra maneira de sentir e pensar as mesmas coisas e acabamos por esquecer que construir uma terceira via, exige um tempo maior do que um orgasmo, talvez por isso e para isso.
Fato é que as coisas ganham outra temperatura quando as expectativas são colocadas as claras.
Uma pena porque "Bom Dia" e "Boa Noite" ditos sussurrados em quaisquer circunstâncias são sempre muito bons de ouvir.

T.

terça-feira, 3 de maio de 2011

"A vida é dura fora da estância..."*

A vida  muitas vezes é um tanto complexa e subjetiva demais.
Pensando na vida enquanto cidadã, mulher, mãe, profissional, filha, esposa, amante, namorada, dona de casa e tantas outras personagens que vivo, fico me perguntado onde mesmo eu estou?
Tenho sentido alguma dificuldade de me localizar, tamanha as responsabilidades e expectativas que existem sobre mim ou que eu mesma coloco sobre os ombros, seja no âmbito familiar, seja no âmbito profissional a verdade é uma só: não sei mais onde estou.
“... você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir, eu nem cochilei...” Adoro essa música, pena que depois de tanto caminhar, hoje me sinta tão ao léu daquele inicio da caminhada.
Pensando melhor, perdida ou ao léu não são os termos exatos, a palavra seria “Em Reforma”, igual a padaria da esquina ou o açougue do final do quarteirão “ Estamos em reforma para melhor atende-lo”.
A dificuldade em viver as coisas sem essa ansiedade louca ou tanta angustia reside exatamente em reconstruir novas possibilidades, depois de haver vivido e convivido com a frustração das expectativas criadas em torno do casamento, da educação dos filhos, da descoberta e saciedade do desejo, do sucesso na profissão...
Viver a vida a partir de “DADOS DE RELIDADE” ou “DENTRO DA PERSPECTIVA QUE SE APRESENTA” é no mínimo um exercício doloroso, para quem muitas vezes só quer a poesia cartesiana dos finais de tarde.
Viver dentro da perspectiva que se apresenta, não só é necessário como também garante a saúde mental na loucura que é a organização das tarefas do dias, que vai além dos filhos no colégio, pediatra no almoço, reunião de pauta (seja qual for a profissão), administrar o lar, o marido/namorido/a cara da vez...
Estar em conformidade com os dados da realidade exige mais dos sentimentos do que do simples instinto de sobrevivência. Exige deixar os devaneios para depois, escolher entre sonhar ou dormir da meia noite as seis, deixar de lado as “mulherices”(bolsa, sapato, vestido...) por conta de contas reais, abdicar do chá das seis ou do happy hour para render a babá ou fazer supermercado....
Tenho a sensação que passamos mais da metade do tempo abrindo mão de nós mesmas.
Admiro minhas amigas que largam tudo pelo último beijo ou pelo convite mais indecoroso. Eu, ainda não consigo viver tranquilamente com a culpa que essa escolha trás, então prefiro por hora “estar em conformidade...” Triste fim de Policarpo Quaresma...
Na sanha enlouquecida pela trepada do ano, queria mesmo alguém que me ninasse e colocasse pra dormir como se eu fosse uma menina de 02 anos.
Quem sabe, numa outra história, num outro tempo, permeado por outras escolhas...

T.

* Fragmento do dialogo de dois personagens da mini série A Casa das Sete Mulheres