quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Chove e não é em Bagdá

Choveu muito hoje por aqui. Toda uma represa guardada a muitas semanas desaguou. Caiu pesada sobre ouvidos amorosos e compreensivos. Soluços entrecortaram relâmpagos e trovoadas, se misturando a sensação única de solidão. Violenta, capaz de desenraizar uma mangueira secular, seguiu arrancando do mais fundo da alma lama, lodo e restos, como se com essa fúria levasse ou lavasse as lembranças, dores e as saudades. As roupas resistiram a sua força, talvez porque elas nada tenham a ver com o cerne da tempestade. Lá pelas tantas sem céu ou sol foi se acalmando e atrás de si deixou um terreno sem nada, que pairava entre pronto e cansado. Sem expectativas, sonhos ou perspectivas caiu a noite. Insistentemente ela continuou com breves intervalos de intensidade, pingando.
Agora espero que o tempo seque, além das roupas, todo entulho que ficou amontoado naquele cantinho, pra quem sabe, colocar fogo em tudo e depois soprar as cinzas pra bem longe ou aos pés do mar.
T.

Chove Sobre Bagda - Adalberto Monteiro
http://www.fmauriciograbois.org.br/portal/noticia.php?id_sessao=53&id_noticia=3082

Nenhum comentário:

Postar um comentário