O que é mesmo que norteia nosso senso moral e nossos valores?
Será que violência contra mulher, só é considerada violência
de fato, quando chega o camburão ou a subjetividade dos pequenos atos e gestos
do cotidiano também o são?
Do que tenho visto e aprendido, toda forma de opressão é uma
violência e PRECISA SER COMBATIDA.
Eu pergunto: Se falar a vadia sou eu?
Tenho uma amiga que diz: Para
a maioria dos homens, mulheres solteiras, seja por separação ou por opção, são
vistas como “mulheres sem dono”, por isso disponível, “qui nem tumate de
feira”. Eu completo, com todo verbo que me é peculiar: Expostas a boçalidade de quem está acostumado a dispor de si em prol
do staus quo.
Sinto-me aviltada e ao tempo oprimida por uma sociedade machista e
preconceituosa, quando passo por uma situação constrangedora e me pego
refletindo se devo mesmo esclarecer o mal entendido, e olha que acabei de concluir um curso em Gênero
e Raça pelo Neim/UFBA, além de ter alguns anos acompanhando o movimento
feminista, seja pela UBM seja pelo movimento social como um todo.
Sinto-me como aquela mulher que apanha do marido e ao se
olhar no espelho pergunta-se:
- O que vou dizer no meu trabalho? O que vão dizer se fizer
uma queixa, afinal ele é o pai dos meus filhos? O que minha família ai dizer?
E lá vai ela se convencendo a caprichar na base e no pó.
Ensaiando uma desculpa, um discurso, um olhar sem eira nem beira que dispense
quaisquer comentários. Ela se cala preparando o corpo, o espírito e o coração
para mais uma surra.
NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO.
NÃO. NÃO. NÃO.
O silencio perpetua a violência, a voz conta ela tem de se
levantar ou acompanhada dos estilhaços da louca ou da sirene da policia ou da
denuncia anônima pelos serviços oferecidos pelo poder publico.
Um inocente bilhete debaixo da porta, nem sempre é tão
inocente assim....
“Quando eu soltar a minha voz/ Por favor entenda/ Que palavra
por palavra/ Eis aqui uma pessoa se entregando/ Coração na boca/ Peito aberto/
Vou sangrando/ São as lutas dessa nossa vida/ Que eu estou cantando...” Gonzaguinha.
T.
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