terça-feira, 25 de junho de 2013

Antes e depois do São João: as manifestações.‏


Quanta gente na rua.... milhões caminhando e empunhando bandeiras... um mar de revolta e reivindicações... vi daqui de casa, entre as brincadeiras de Davi, meus cadernos e uma certa expectativa quanto ao que virá... muita gente falou muita coisa, uns contra, outros a favor outros nem aí, eu acho tudo válido, mas há que se avaliar coisas bem interessantes como por exemplo a origem das manifestações.

Nos primeiros tempos de FHC eram os movimentos sociais que se organizam, a duras penas por sinal e saiam as ruas pra dizer das suas necessidades e reivindicar soluções. Soluções essas que quase duas décadas depois é que saíram do papel como por exemplo o estatuto da igualdade, a lei Maria da Penha, a PEC das domésticas, o casamento gay, entre outras reivindicações das minorias.

Da última semana pra cá temos visto cartazes, palavras de ordem e toda uma fúria popular contra e o estado. Assistindo as reportagens na TV percebi uma diferença gritante entre as manifestações de outrora e as de hoje. Vi uma classe média que por motivos variados passou a precisar utilizar os serviços públicos, ou seja, ela passa a utilizar SUS, porque plano de saúde custa os olhos da cara; ela agora tem de andar de ônibus porque o combustível ta pela hora da morte; manter filhos na escola particular está ficando inviável, então a melhoria do ensino publico é urgente e o acesso as universidades publicas é imprescindível. Não podemos esquecer que a classe média perdeu espaço e poder aquisitivo a medida que as classes C e D ascenderam socialmente, hoje em dia pretos e pobres tem TV de plasma e iphones, e isso trás mudança substâncial na piramide social.

Na realidade essas reivindicações são tão antigas quanto o Alcorão, o que as coloca na pauta do dia é saber quem as organizou pra que elas acontecessem e foi a classe média, inclusive quando ela se colocar contra a presença de partidos políticos, que a principio e em tese são os primeiros a se colocar como porta voz das transformações que a sociedade precisa, ela ta dizendo a que veio.

Não quero aqui me colocar contra a presença da classe média enquanto protagonista de um movimento de transformação, mas também não posso achar que se descobriu a roda a partir do movimento passe livre, porque o movimento social ta aí a décadas lutando pra garantir coisas básicas e por vezes minimas e tem seus ganhos em migalhas, então é uma questão de quem e pra quem governar ou ainda transformar pleitos legítimos em prioridade. 

Quem paga a conta nesse país não são os pobres, por que eles são massacrados e nem a elite porque é ela quem desfruta das benesses do estado, sobrou pra quem: uma classe média branca que até ontem não sabia como o país se organizava.

Claro que minorias ganham com essas manifestações, porque as tarifas de ônibus se congelam e do jeito que a coisa ta indo a saúde e a educação vão ganhar mais visibilidade e terão um salto de qualidade o que é fantástico, mas também é hora do movimento social e os partidos políticos olharem pra dentro de si e se questionar porque mesmo esses milhões foram para rua empodeirados de bandeiras tão fortemente empunhas por tantas décadas e conseguem mobilizar um país, conseguem mobilizar a presidenta da republica em atender suas reivindicações.

O povo tem voz e agora tem vez, a força popular parece ter sido descoberta e isso vai fazer toda a diferença no futuro, em tempo Milton Santos e Mandela já diziam isso, mas antes de qualquer conclusão sobre as manifestações dos últimos dias, elas requerem uma profunda reflexão sobre onde nos posicionamos.

Diz a presidenta: "A voz do povo está sendo ouvida", impossível dizer que não quando as duas vias da Av. Presidente Vargas  no Rio de Janeiro viram um mar de gente ou quando em São Paulo da Av. Paulista a ponte do Jaraguá passando pela Marginal Tiete e desembocando na Castelo Branco são inundadas por bandeiras e um refrão que tão cedo não será esquecido: "VEM PRA RUA VEM".

T.


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