quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mulher solteira procura...

Existiu um dia, um lugar dentro de mim. Aconchegante e quente. Maternal e indolor. Talvez no longo percurso até aqui, os pedaços tenham se deixado ficar, por preguiça, orgulho, esgoísmo, falta de fé, quem sabe?
Sabido é que hoje, remexo velhos guardados e desse lugar só tenho lembranças, que se apagam dia a dia...
Hoje, dos muitos dias que já caminhei, desde muito não o via tão triste, tão só, engasgado e aflito. Uma solidão doída, trasnfigurada num choro compulsivo. Eu, um acarajé e a paisagem de um lugar da cidade, onde a presença de Deus é tocada, tão vasta é a visão do mar.
Uma pergunta: Posso te ajudar?
Que ponto do caminho é esse, em que as respostas as nossas preces são tão prontamente atendidas?
Não sei, mas uma voz doce, de olhar sereno, pedia que tivesse calma e confiança, que abandono para aqueles que crêem não existe. Pedia que eu saisse do sol, pois minha pele já se avermehava. E finalmente recomendava que saisse dali, pois a proteção Divina também requer a nossa colabroação. Uma conversa insólita, desacreditaria se não tivesse acontecido comigo.
Quanto tempo fiquei ali entre lágrimas e dedos sujos de dendê, não sei...
Considerando as consequências, levantei e peguei o rumo de casa. Nas mãos: fraldas, cartões, lembrancinha do dia das mães e o compasso de espera. Minha companhia constante.
O lugar que existia em mim, chamei de Lugar de Paz e aos poucos, sentada na condução, perdida entre o mar e os passageiros, fui percebendo/reconhecendo onde está esse lugar: Nos bracinhos abertos que encontro em casa, quando retorno da padaria ou de um dia duro, como o de hoje/ No "Deus te abençoe" da minha mãe, após os saudosos telefonemas do meio da semana/ Na certeza das minhas convicções e do meu caráter/ No exercício de assumir um erro, me desculpar e recomeçar/ No esforço de me manter "firme no propósito do bem"/ Na milenar tentativa de manter "a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo"/ No café passado na hora em casa ou na solidão de uma livraria qualquer com o mesmo café/ Na companhia da noite, como agora, em que o único barulho que invade a casa é o do mar, enchendo meus ouvidos de um som único, o da água.
Somos consumidos de ansiedades, desejos, culpas, ilusões e rapidez que "tudo ao mesmo tempo agora" além de pouco é espaço comum entre as pessoas, que se fundem, se confundem, sem ao menos imaginar/saber onde isso TUDO vai acabar.
Acho que não vai...
Com licença + vou me recolher ao meu Lugar de Paz e lá quero permanecer, independente das Tsunames do caminho, das vozes dissoantes da minha própria cabeça que afirmam que o caos, sendo organizado é possível de compartilhar conosco a existência, do excesso de orgulho e egoísmo, meu e das pessoas, das ilusões que se acumulam em meu coração e por vezes desaguam solitárias sob o céu de Brigadeiro de Salvador.
Disse pra alguém dias atrás que gostaria de viver em Tempos de Paz. Hoje descobri, que Paz é a gente que trás, não sem dor, mas "com a beleza de ser um eterno aprendiz."
T.

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