terça-feira, 3 de maio de 2011

"A vida é dura fora da estância..."*

A vida  muitas vezes é um tanto complexa e subjetiva demais.
Pensando na vida enquanto cidadã, mulher, mãe, profissional, filha, esposa, amante, namorada, dona de casa e tantas outras personagens que vivo, fico me perguntado onde mesmo eu estou?
Tenho sentido alguma dificuldade de me localizar, tamanha as responsabilidades e expectativas que existem sobre mim ou que eu mesma coloco sobre os ombros, seja no âmbito familiar, seja no âmbito profissional a verdade é uma só: não sei mais onde estou.
“... você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui, percorri milhas e milhas antes de dormir, eu nem cochilei...” Adoro essa música, pena que depois de tanto caminhar, hoje me sinta tão ao léu daquele inicio da caminhada.
Pensando melhor, perdida ou ao léu não são os termos exatos, a palavra seria “Em Reforma”, igual a padaria da esquina ou o açougue do final do quarteirão “ Estamos em reforma para melhor atende-lo”.
A dificuldade em viver as coisas sem essa ansiedade louca ou tanta angustia reside exatamente em reconstruir novas possibilidades, depois de haver vivido e convivido com a frustração das expectativas criadas em torno do casamento, da educação dos filhos, da descoberta e saciedade do desejo, do sucesso na profissão...
Viver a vida a partir de “DADOS DE RELIDADE” ou “DENTRO DA PERSPECTIVA QUE SE APRESENTA” é no mínimo um exercício doloroso, para quem muitas vezes só quer a poesia cartesiana dos finais de tarde.
Viver dentro da perspectiva que se apresenta, não só é necessário como também garante a saúde mental na loucura que é a organização das tarefas do dias, que vai além dos filhos no colégio, pediatra no almoço, reunião de pauta (seja qual for a profissão), administrar o lar, o marido/namorido/a cara da vez...
Estar em conformidade com os dados da realidade exige mais dos sentimentos do que do simples instinto de sobrevivência. Exige deixar os devaneios para depois, escolher entre sonhar ou dormir da meia noite as seis, deixar de lado as “mulherices”(bolsa, sapato, vestido...) por conta de contas reais, abdicar do chá das seis ou do happy hour para render a babá ou fazer supermercado....
Tenho a sensação que passamos mais da metade do tempo abrindo mão de nós mesmas.
Admiro minhas amigas que largam tudo pelo último beijo ou pelo convite mais indecoroso. Eu, ainda não consigo viver tranquilamente com a culpa que essa escolha trás, então prefiro por hora “estar em conformidade...” Triste fim de Policarpo Quaresma...
Na sanha enlouquecida pela trepada do ano, queria mesmo alguém que me ninasse e colocasse pra dormir como se eu fosse uma menina de 02 anos.
Quem sabe, numa outra história, num outro tempo, permeado por outras escolhas...

T.

* Fragmento do dialogo de dois personagens da mini série A Casa das Sete Mulheres

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