Tantas coisas poderiam ter
acontecido. Poderia não estar aqui hoje ou se estivesse não seria nessa
situação de “mal estar”, mas isso não vem ao caso, isso é o de menos.
O que seria um pouco mais?
Falar sem reservas do que
colhemos quando fazemos nossas escolhas. É estar certo que o futuro vai chegar,
não sem dores ou feridas, mas com elas e por elas será vitorioso. São as
cicatrizes que contam sobre nossas batalhas, sobretudo das nossas vitorias.
Meu um pouco mais para você é desejar
que seja feliz, assim como eu tenho estado. É saber que as coisas a sua volta
se agregam e não se esfarelam. É sentir seu coração sereno e tranqüilo. É saber
que depois de “lutar suas lutas”, você tem para onde voltar, mesmo sabendo que
nem o Cristo teve onde recostar sua cabeça,( Mt 8:20), mas ele não morreu para que tivéssemos?
É saber que parte sua não é morna Ap 3:15-16.
Me pergunto se não deveria ter
enfrentado essa batalha e assumido esse lugar a seu lado. Seu braço, sua
parceira, a mulher ajudadora, que briga, que cobre sua retaguarda e ao mesmo
tempo permite que você direcione as coisas, que recebe sua sexualidade sem
reservas e participa da vazão dos seus desejos. A brecha da sua vida era essa e
eu não consegui perceber, ou até percebi, mas era imatura demais pra enfrentar com
galhardia essa batalha.
Tirei meu time de campo e permiti
que outra assumisse esse lugar, porque realmente acreditava que seria a melhor
escolha para mim e para você. Hoje quando ouço as pessoas, percebo você e as
fissuras se agravando no seio da sua família, e a clara repulsa do conjunto
humano a sua volta a essa relação que você mantém, me pergunto se não poderia
ter sido diferente se você tivesse se dado algum tempo.
As relações agregam, não separam.
O amor cura e não machuca. A convivência exalta as qualidades e não o
contrário. Crescer é a palavra chave. A alegria do contentamento invade nossa
alma e ainda que tudo seja uma merda, temos prazer e isso transparece em nossos
olhos.
*Adendo 13/12/2001
Repensando nossa conversa de
ontem sobre ser só e estar só, reforço a necessidade da sua reflexão sobre esse
assunto. Porque você esta preenchendo sua necessidade de não estar só, mas será
que você preenche o outro o quanto ele merece ou gostaria ou são dois a viver
de migalhas?
Você vê e mantém aquilo que lhe
convém, o que esta fora do seu alcance de visão é aquilo que se apresenta a uma
platéia que assiste atenta, ao turbilhão de emoções que sente e desfila, a
olhos vistos, dentro do outro.
E Ela sente e como sente. Ciúmes.
Insegurança. Incerteza. Inveja. Desconforto. Vergonha. Irritação. Raiva. Um
amor sufocado na sua intensidade, que você não vê, mas transborda e se derrama
violentamente as suas costas, sobre os outros de forma por vezes vil e confusa,
como compensação daquilo que fica engasgado. Ela reflete a sua confusão
interna. Frágil e imatura emocionalmente acredita que na concordância dos seus
“malfeitos” e no reforço da sua soberba, aposta alto que assim você vira.
“... impávido que nem Muhammed
Ali, virá que eu vi/Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi/Tranqüilo e
infalível como Bruce Lee, virá que eu vi/O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá”
Novos baianos.
Sabemos que sua permanência se
dará, na medida que seu medo do abandono for saciado. Depois certamente virá
outra e outra, porque não é fora que encontramos companhia, é DENTRO.
Dentro do Amor de Deus. Dentro
dos ensinamentos da Palavra que você tão bem conhece, na batalha do Homem Velho
x Homem Novo. Dentro do temor que ainda existe em você. Dentro do compromisso
assumido naquele corredor fétido. Dentro do ministério/trabalho que você
abraçou. Dentro do seu perdão. Dentro do desejo do seu coração, ainda que
nublado pela carne e fuga do espírito.
Do lado de dentro, confuso e só,
como um menino perdido no parque de diversão. Você permanece na infantilidade
dos sentidos em fuga do caminho da reflexão profunda sobre você, suas expectativas
e frustrações. Percorrer esse caminho é se deparara com a própria falência e ter de refazer esse caminho seja se deparar com dores
que você já sentiu.
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Na ausência da minha voz
e na solidão da sua leitura espero que você perceba o respeito e o amadurecimento
do profundo amor que sinto por você, por isso o chamo a razão.
Quero mesmo que você encontre seu
lugar de paz! Oro a Deus que isso aconteça e você consiga enxergar as coisas que são realmente importantes: suas
filhas, seus netos, seu filho e sua família que mesmo estando afastada de você mais
e mais a cada dia, O AMA e mesmo mergulhada nesse aparente silêncio torce, como eu, para
que você retorne daí de onde você se esconde.
Ou vai ver que é isso mesmo que
você quer, viver sua liberdade sem ninguém que lhe traga o ônus, longe das
coisas que você não conseguiu mudar. Você está vivendo uma realidade a parte
das verdades do mundo interior e esteja feliz dessa forma e eu viajando nas
minhas conjecturas, mas isso eu nunca vou saber.
Com carinho
T.
14/12/2011.
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