terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um dia Ele chega...


Eu confesso minha abstinência dos 30 anos, tomando a eternidade como parâmetro, prefiro pensar que ainda estou na pré-adolescência.
Não, realmente não penso que entrei nos "inta", absolutamente não os sinto, mas tenho a vivência exata das responsabilidades que aos 20, nem me passavam pela cabeça, ou melhor, passavam, mas num parentesco distante com o tal “A” de eterno, porque “A” eu nem imagino.
Ainda me lembro de alguém falando que depois dos 30 não existia vida. Socorro!!!!!!!!!!!!!!!
Hoje fui içada da abstinência dos 30 anos. Foi um soco, bem no meio da boca do meu estomago. Um susto e o inicio do “como começou a acontecer”?
A minha cabeleira em franco processo de crescimento encontrou um intruso. Perdido, meio sem saber onde ir no meio da dupla dinâmica secador e chapinha, estava lá, impávido, ele, o fio de cabelo branco!
Alertada dessa estranha presença corri até espelho e ele estava lá, me senti o próprio Cebolinha. Bradei:
- A culpa é sua!
Imediatamente cai na gargalhada, a lista de possíveis culpados seria interminável, na pior das hipóteses e abusando do perdão absoluto de Deus, sim, ele é o culpado!
Fora ele, aquela professora gorda que não me deixou de recuperação por antipatia ou os quilos que insistem em não ser a menos, talvez o salário que invariavelmente acaba antes de terminar de fazer as contas do mês ou ainda todo caos da vida moderna que assusta as possibilidades de viver de modo zen, enfim.
Em poucos minutos uma vida passou pelos meus olhos, manja, tipo Faustão, no quadro Arquivo Confidencial, falando para o entrevistado:
“- Passa um filme pela sua cabeça...”
Os domingos em volta da mesa, ouvi risadas, senti o amargo das lágrimas, o aconchego dos abraços, o barulho da praça de alimentação e do microondas do refeitório, os olhares encobertos pelo burburinho da atividade política, o fim das saudades, o calor de alguns beijos, a luminosidade de muitos cafés a luz de poste, a maciez de alguns lençóis e música, por que a vida precisa de trilha sonora e vi gentes...
Voltei pra meu assento emocionada.
Trinta e cinco anos. Um filho lindo. Um livro de poesias, Uma Antologia Poética. Uma casa de paredes verdes, com uma piscina de plástico bem no meio da sala. Um ex-marido, porque não cita-lo?
Por mais engraçado que pareça, sem árvores plantadas no Ibirapuera no currículo, mas com um fio de cabelo branco capaz de me dizer que Tudo Valeu A Pena Até Aqui.

T.

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